Fazendo um minion hesitar

“Cê não tem medo de um Brasil virar uma Venezuela?”

Foi há umas duas semanas. Eu ia de táxi do Aeroporto de Salvador até a Praia do Forte, e até então a viagem estava indo bem. Estávamos na metade do percurso, e nossa conversa tinha girado entre futebol, bebida, e Irecê, minha cidade natal, que o taxeiro havia visitado. Infelizmente, ele teve que parar num posto de gasolina, e o frentista começou a maldita e onipresente conversa. Fora do carro, eu não disse nada; quando entramos e ele me perguntou isso, não hesitei:

“Tenho sim”, menti, “mas tenho mais medo ainda de o Brasil virar um Iraque!”

Essa era nova pra o taxeiro, que arregalou os olhos.

“Como assim?”

“Se JB ganhar, vão lascar bomba em cima da gente.”

“Caralho, por que você acha isso?”

“Porra, ele peita todo mundo! Vem alemão falar coisa e ele peita, vem inglês e ele peita, francês, americano, todo mundo. Tu acha que esses caras tão de brincadeira?”

“Não sei…”

“Tu não viu a capa da revista lá, da Economist?”

“Vi sim. Fake news, né?”

“Sei lá, mas ela chama JB de ameaça. Não sei quem está certo, mas você sabe o que os americanos fazem com ‘ameaças’, né?”

“Bomba…”

“Bomba! O Brasil aguenta guerra com o Paraguai, com a Bolívia, mas contra os EUA estamos fodidos. Isso aqui vai virar o Iraque.”

“Pô, bomba é complicado mesmo.”

“Pois é, bala segura traficante, mas não faz nem cócega num míssil.”

“Mas você acha isso mesmo?”

“Rapaz, só digo uma coisa: se virar uma Venezuela, pelo menos já estou acostumado com a pobreza. Bomba eu acho que não aguento não.”

Enquanto o taxeiro refletia sobre o assunto, eu pensava nos memes que essa conversa daria.

economist

Sabemos o que os americanos fazem com “ameaças”

 

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